quinta-feira, 31 de março de 2011

Barata

          Eu morro de nojo de baratas. Desde criancinha eu tenho um nojo tão grande daquele bichinho oval com muitas patinhas, que me sinto mal de ver.
          No 5º ano, eu fui num acampamento com a escola. Lá, nós dormimos em barracas, eu e mais quatro amigas. Ficamos conversando até que o monitor, lá da barraca dele, mandou a gente ficar quieta e dormir. Dormimos bem, apesar de alguns socos, mas de manhã foi que veio a surpresa.
          Duas de minhas amigas foram ao banheiro logo que a gente acordou, e eu e a outra ficamos arrumando a barraca. Então, nós ouvimos um gritinho agudo, vindo do lado do banheiro. Eram minhas amigas, elas vieram correndo dizer que, num dos vasos havia uma barata nadando, como se lá fosse um spa. Fomos ver, mas a barata, pelo que parecia, já tinha desistido de se divertir ou, talvez, tivesse morrido. 
          Chamamos o monitor do acampamento, mas ele relutou um pouco para entrar, afinal, era o banheiro feminino. Quando convencemos ele de entrar, a barata, não sei como, conseguiu se por de ponta cabeça, mas ele logo deu a descarga. A barata, mesmo após 2 descargas, continuava lá, como se nos desafiasse a pegá-la e jogar no lixo.
          Chamamos então, nossa professora e, para nossa surpresa, com apenas uma descarga, foi embora. Ficamos pensando então, até hoje, como a barata foi parar lá e, como ela só foi embora quando nossa professora deu a descarga. Será que ela foi com sua cara ou apenas estava cansada de girar como um redemoinho na privada?

Correntes

          Você já deve ter recebido pelo menos uma. São irreais, tratam de assuntos que provavelmente nunca acontecerão e, o pior, é que tem gente que acredita.
          Eles te passam a corrente dizendo que você vai morrer se não passar o e-mail para 50.000 pessoas em 5 minutos, e agora que você já abriu não tem volta. E as pessoas acreditam. Como não têm 50.000 contatos, passam pelo menos 10 vezes para cada um, ainda como um e-mail urgente.
          Que raiva que eu fico das pessoas que criaram isso. Mas então, vi uma corrente, a primeira em uns 13 anos, que me chamou a atenção. Ela não me atraiu porque tem histórias terríveis. Não. Me atraiu porque é uma corrente que critica todas as outras correntes, como se a pessoa acreditasse nas outras correntes e tivesse parado de fazer coisas muito boas da vida só por causa das correntes. No final ainda arrematava:
          - Se você não mandar isso para todo o mundo no próximo segundo, um urubu vai te perseguir por toda a vida, te enchendo de titica.
          O prazer que tive de receber essa corrente foi tão intenso na hora, que fiquei pensando como as pessoas que sempre mandam correntes ficariam. Mas mais tarde, quando muitos dos meus contatos tinham me mandado de volta, também pensei que o cara que fez aquela corrente apenas colocou mais uma corrente em circulação, que talvez volte daqui há muitos anos para nos atrapalhar de novo.

terça-feira, 22 de março de 2011

A Câmera

          Estava eu, com a minha família, num restaurante português. Conversa vai, conversa vem, e nós resolvemos tirar fotos. Tiramos de todo os ângulos possíveis da mesa, até que meu tio teve uma ideia brilhante: vamos tirar uma foto de todo mundo na mesa. Meu irmão levantou e, quando andava em direção à parede oposta, ele viu uma coisa estranha.
          Uma câmera na parede. Qualquer um diria "Normal, onde você colocaria uma câmera?". Um restaurante tem que cuidar da segurança de seus clientes, colocando câmeras nas paredes para proteger o estabelecimento. Os clientes até podem achar incômodo, mas segurança é necessária para todos, nesse mundo onde a violência é enorme.
          Aquela câmera era especial. Não por ser de uma marca muito boa, muito menos por ter um zoom ótimo. Não, ela era especial, na verdade estranha, pois não servia para nada. Não que estivesse quebrada, pelo menos, não pela primeira impressão. Não, ela era extremamente inútil pois estava virada para a parede, gravando provavelmente a linda pintura da parede, e não garantindo a segurança dos clientes, como deviam.
          Comemos, pagamos a conta e saímos do restaurante pensando o porque do dono daquele restaurante ter gastado seu dinheiro com uma câmera se nem ela nem ajudava em sua segurança. Será que achavam que assim eles estariam "garantindo" a segurança e ao mesmo tempo a privacidade de seus clientes?